QUEM SOMOS
O Circuito é constituído por 23 salas de todo o país.
O Circuito tem como objetivos representar o grupo de salas de música ao vivo perante quaisquer entidades públicas ou privadas, nacionais e internacionais; promover a estruturação do setor da música ao vivo e das salas com programação própria; promover o reconhecimento das salas de concerto e o seu trabalho fundamental e único no desenvolvimento de novos talentos, programação de músicas minoritárias, no apoio à criação artística, circulação e internacionalização e enquanto mediadores sociais e culturais nas suas comunidades locais; divulgar a atividade dos associados e desenvolver projetos de formação e de programação em rede.
O QUE SOMOS?
O Circuito é composto por salas e clubes independentes que são, na sua génese, espaços de programação cultural focados, maioritariamente, na programação de música popular atual ao vivo, integrando o conceito inglês de grassroots music venues.
A importância social, cultural e económica destes espaços e o seu contributo para a vitalidade do ecossistema da música popular atual portuguesa expressa-se em várias dimensões:
1. apoio à criação, afirmação e circulação de artistas
O conjunto destas salas é a mais importante rede de palcos nacional para o surgimento, visibilidade, afirmação e circulação de artistas e públicos no contexto da música popular atual portuguesa.
Por serem espaços que assumem riscos com a sua programação, os grassroots music venues atuam como importantes plataformas para o desenvolvimento e afirmação de carreiras artísticas, apostando em artistas merecedores de audiências e propostas artísticas alternativas.
No seu conjunto, formam um circuito complementar e indispensável também para os artistas de maiores audiências que aqui trabalham a proximidade e arriscam novos caminhos. Não são apenas o primeiro palco que os artistas pisam, mas aquele a que regressam por diversas vezes ao longo da sua carreira.
Em simultâneo, este circuito é um importante impulsionador da profissionalização de todos os trabalhadores do setor, entres eles, técnicos, produtores, promotores, comunicadores.
2. envolvimento com as comunidades e impacto social
Para além de fomentarem a criação de comunidades artísticas, estes espaços ocupam um papel importante nas respetivas comunidades locais, pois garantem polos de dinamização e atividade cultural nos bairros onde estão inseridos e contribuem para a formação de públicos e intercâmbio.
Através de uma programação cultural que procura ser diversificada e inclusiva, os grassroots music venues são espaços de experimentação que permitem o estabelecimento de práticas emergentes desenvolvidas à margem dos circuitos comerciais e são também por isso, muitas vezes, espaços de ativismo e participação.
3. contributo para a economia noturna e atratividade das cidades
Enquanto espaços de referência cultural, os grassroots music venues são essenciais para o desenvolvimento de uma economia noturna vibrante e de qualidade, atraindo públicos pela sua programação e reputação e impulsionando outros aspetos da economia noturna tais como os restaurantes, bares, clubes e transportes. Ou seja, a sua atividade promove o desenvolvimento dos bairros onde se inserem e pauta a atratividade das cidades.
O Circuito são 27 espaços. Em 2019, estes espaços promoveram 7 537 atuações musicais, envolvendo dezenas de milhares de autores, intérpretes e outros profissionais do espetáculo e receberam um público de 1 178 847 pessoas.
FAQ
O Circuito defende a abertura imediata dos espaços?
Não contestamos decisões técnicas dos especialistas. Por isso, não defendemos a reabertura dos espaços até se decidir que estão reunidas as condições necessárias para retomarmos a nossa atividade.
No entanto, sabemos o que implica resistir a esta vontade. Enquanto os espaços estiverem encerrados, estaremos privados de uma experiência comunitária de liberdade e proximidade que influencia fortemente a nossa formação enquanto seres sociais.
Defendemos que a restrição à criação e ao acesso à cultura, às vivências sociais, à proximidade e à expressão dos corpos e dos afetos constituem uma negação do sujeito social contemporâneo. Defendemos que também estas liberdades e direitos devem ser sempre a razão do nosso esforço coletivo. Como tal, restringi-las ou condicioná-las reveste-se de uma gravidade que não pode ser secundarizada.
Portanto, o que o Circuito defende é a abertura urgente do discurso político à valorização e reconhecimento formal e definitivo de todas as práticas artísticas, culturais e de socialização, como forma de combate à secundarização e estigmatização das práticas e dos agentes culturais enquanto atores sociais.
É preciso proteger a razão pelo qual pedimos a todos um enorme sacrifício.
Porque é que num momento económico tão complicado o investimento neste circuito deve ser também uma prioridade?
Estamos perante um circuito que é um dos pilares de todo o ecossistema da indústria da música. Se um pilar cai, todo o ecossistema desmorona.
O trabalho desta parcela do setor tem um impacto multiplicador na economia, muito superior à sua atividade isolada. O seu peso na atratividade turística das cidades, na requalificação urbana e na dinamização de outras atividades ligadas à economia noturna são justificação bastante para este efeito multiplicador.
O custo de manter vivo este circuito é, portanto, muitíssimo inferior ao impacto da sua perda ou ao investimento necessário para o recriar.
Qual é a diferença entre as salas e clubes de programação e outros equipamentos da economia da noite?
As salas e clubes de programação de música distinguem-se por serem espaços de música e cultura com uma programação própria. Assim, a atividade cultural é a razão de ser destes espaços e a programação de música está no centro da sua linha de atuação.
A presença de outros serviços auxiliares (venda de álcool, alimentação ou outros)s é subsidiária e dependente da atividade cultural.
Dependendo de fatores como a localização, a económica local ou a sazonalidade, e segundo a definição da organização Music Venue Trust (disponível aqui), estes espaços integram muitas ou todas das seguintes características:
- São espaços de referência para os músicos e para o público do bairro, da cidade ou do município;
- A atividade cultural, nomeadamente a programação de música, é a razão de ser destes espaços.
- São espaços de música e cultura, geridos por especialistas no setor cultural.
- São espaços cuja gestão assume riscos com a sua programação, ao programar artistas merecedores de audiências sem expectativa de recompensa financeira direta.
- São espaços de referência cultural, essenciais para a economia noturna e para o turismo. A presença destes espaços garante polos de atividade cultural que inspira o bairro, a cidade ou o município.
- São espaços que ocupam um papel importante na sua comunidade local e que estão abertos ao networking.
Que tipo de música programam?
A programação destes espaços foca-se principalmente na música popular atual. Por música popular atual entendemos as práticas e estilos musicais urbanos surgidos no século XX e XXI que se destinam a ser consumidos e distribuídos pelos grandes públicos.
A música popular atual compreende um conjunto heterogéneo de práticas que partem do jazz ou do rock e se estendem a linguagens artísticas híbridas como o hip hop, a música de dança e os diversos géneros característicos da produção musical feita na era digital.
A música popular e a música de dança são arte?
A música popular e a música de dança são práticas artísticas de produção e fruição musical de elevado impacto cultural e social a nível global, com enorme alcance, em termos de número de criadores, agentes e público. Estão associadas a importantes transformações não só artísticas, mas também sociais e carregam o mesmo peso emocional que outras formas musicais.
Reconhecer, formalmente, a música popular e a música de dança como arte é um passo necessário para libertá-las do estigma de inferiorização face a outras formas de criação artística socialmente consideradas prestigiantes. Ou seja, reconhecer aquelas práticas artísticas como arte é atribuir-lhes a devida importância.
Um DJ também é um artista?
Como qualquer outro músico, um DJ é um criador. Não se limita a selecionar música: utiliza as suas capacidades de manipulação, mistura, sampling e beatmaking para criar algo único. O resultado desse processo criativo dá lugar a uma obra de arte que pode tomar a forma de edição de autor, um remix, produções originais e outros. Portanto, além de intérprete, o DJ pode assumir o papel de autor/compositor ou de produtor.
Como é que o Circuito contribui para a valorização e afirmação dos artistas?
Apostamos em artistas emergentes, contribuindo para o seu surgimento, visibilidade, afirmação e circulação. É nos nossos palcos que a maioria dos artistas inicia a sua carreira artística e contacta pela primeira vez com o público, mas é também aos nossos palcos que eles regressam diversas vezes ao longo da sua carreira.
Ou seja, são as salas e clubes com programação própria de música ao vivo que possibilitam aos artistas o desenvolvimento de um circuito que funciona como uma importante plataforma para as práticas culturais emergentes e alternativas.
O que significa ser agente de mediação social e cultural?
Para além do papel que ocupam no desenvolvimento das carreiras dos artistas, as salas e clubes com programação própria de música ao vivo estão longe de serem apenas espaços de experiências artísticas. Inseridos em ecossistemas e ambientes urbanos específicos, funcionam como importantes agentes de mediação social e cultural nas sociedades em que se inserem.
Enquanto espaços de participação comunitária, o trabalho que desenvolvem no seu bairro, cidade ou município responde diretamente às necessidades da sua comunidade e contribui para a formação de públicos e intercâmbio, abrindo caminho para o desenvolvimento de políticas culturais e sociais fundamentais.
Porque importa valorizar o Circuito?
O circuito desempenha um papel fundamental nos tecidos cultural e económico das cidades e contribui para a vitalidade do setor da música ao vivo. No entanto, o discurso público em torno destes espaços foca-se, muito frequentemente, nos aspetos negativos associados ao lazer noturno, tais como o ruído ou o consumo de drogas e álcool.
Assim, o reconhecimento e valorização da importância cultural, económica e social do Circuito por parte dos decisores políticos é uma estratégia necessária para assegurar a sua proteção, potenciar o seu desenvolvimento e, acima de tudo, valorizar a música popular, a sua prática e o seu consumo, como atividade cultural de enorme importância social.
Mas e o álcool e as drogas?
O lazer noturno oferece espaços-tempo culturais e conviviais que são fundamentais e parte integrante dos estilos de vida contemporâneos, principalmente em meio urbano. Bares, clubs, discotecas, salas de concerto, festivais… permitem quebrar com o peso das rotinas e responsabilidades quotidianas e aceder a experiências altamente valorizadas de convívio intenso e desinibido, conexão com a música, dança e performances corporais e sociais alternativas. São também contextos onde, muitas vezes, o consumo cultural e a intensidade das experiências são maximizadas pelo consumo social de substâncias psicoativas, no qual se destaca o álcool. Por esse motivo, é estreita a relação entre lazer noturno e consumo de álcool, e fundamenta-se não apenas no interesse que os efeitos do álcool têm para a vivência destes ambientes mas também no facto de a venda de álcool ser central para a rentabilidade económica deste setor. No entanto, para a maior parte das pessoas, estes consumos são recreativos, mais ou menos esporádicos e sem grandes consequências negativas associadas. Os riscos associados a esses consumos derivam muitas vezes de tabus sociais que resultam em desinformação generalizada sobre as substâncias, seus efeitos e formas de reduzir os riscos e também de uma cultura de excesso que incentiva, principalmente pessoas mais jovens, ao consumo excessivo. Consideramos que. para muitas pessoas, o consumo de álcool ou outras substâncias faz parte da experiência de lazer noturno. No entanto, acreditamos que a redução de riscos e a promoção de espaços com boas práticas em termos de dispensação de álcool, infraestruturas adequadas, e staff formado para lidar com pessoas em estados alterados de consciência é uma mais valia na promoção de ambientes mais seguros para todas as pessoas que os frequentam.
Podes descobrir mais sobre o que está ser feito neste sentido seguindo o trabalho da Kosmicare, LXNights ou Nighttime Economy.
Porque é que o Circuito é fundamental para a atratividade das cidades?
A atividade criativa contribui para a qualidade de vida de uma cidade, espelhando a sua vibração cultural e influenciando fortemente a construção da sua identidade local. Estas dinâmicas, nas quais as salas e clubes com programação própria participam ativamente, determinam a atratividade das cidades.
Sobre o impacto que as salas e clubes com programação própria têm na vida das cidades, vale a pena consultar o estudo “Measuring Live Music Spaces in Cities”, desenvolvido pelo Creative Footprint,
AS NOSSAS REFERÊNCIAS
A pesquisa e a valorização da importância das salas e clubes com programação de música ao vivo nas cidades é um trabalho que já tem vindo a ser desenvolvido em diversos países. Aqui, estão alguns dos estudos, relatórios e campanhas que inspiraram o Circuito.
Estudos e relatórios
- Behr, A., Brennan, M. e Cloonan, M. (2017)The Cultural Value of Live Music from the Pub to the Stadium: getting beyond the numbers. Reino Unido: Universidade de Edimburgo e de Glasgow.
- Brennan, M et al. UK Live Music Census (2018)
- City of Melbourne (2018).Melbourne Music Plan: Supporting, growing and promoting the city’s diverse music industry
- Clubcommission (2019).Club Culture Berlin.
- Creative Footprint (2017)Measuring Live Music Spaces in Cities.
- Live DMA (2020).The Survey. Creative Europe.
- Live DMA (2019).Music is Not Noise.
- Mayor of London (2015).Rescue Plan for London’s Grassroots Music Venues
- Mayor of London (2017).Rescue Plan for London’s Grassroots Music Venues – Progress Update.
- Mayor of London (2018)London at night: an evidence base for a 24-hour city – Executive Report.
- Music Venue Trust (2019)How to open a grassroots music venue.
- Music Venue Trust (2019)How to run a grassroots music venue.
- New York City Mayor’s Office of Media and Entertainment (2017).Economic Impact, Trends, and Opportunities Music in New York City.
- NSW Treasury (2020).Sydney: 24-Hour Economy Strategy.
- Sound Diplomacy (2019)Music Cities Manual.
- VibeLab (2020)Creative Footprint: Tokyo
- VibeLab (2018)Creative Footprint: New York
Manifestos e campanhas
- #saveourvenues#saveourvenues é uma campanha iniciada pelo Music Venue Trust para garantir medidas de apoio e financiamento para as salas de espetáculo e clubes durante o COVID-19.
- Save our StagesSave Our Stages é uma campanha iniciada pela associação americana National Independent Venue Association (NIVA) para forçar a aprovação do Save Our Stages Act que visa o apoio ao circuito de salas norte-americana.
- Reset! Shaping together a new social and cultural contract in EuropeUm conjunto de estruturas independentes em Lyon juntou-se para apelar a uma reconfiguração das políticas públicas no campo da cultura e media a nível europeu. Agora, o manifesto estende-se a estruturas europeias.
- Music sector joins together to call for EU and national investment to address current crisis and promote diversityMais de 40 organizações do setor da música uniram-se para apelar a mais investimento europeu durante a crise pandémica.
PARCEIROS
AGRADECIDMENTOS
Apoio ao Circuito
Luis Franjoso
Apoio à campanha
Jorge Nobre
André Forte
CONTACTOS
info@circuito.live